Fala moçada...
Criei esse tópico porque eu não faço e nem aprova o meu nem a pau!!!!!
Donos de carros antigos sofrem para passar em inspeção veicular
Fábio Bonillo
Direto de São Paulo
Especial para o Terra
O Fusca 1965 do aposentado paulistano Sérgio Roberto Siracuza vai passar nesta semana por sua terceira inspeção veicular, após ter reprovado por excesso de poluentes emitidos pelo escapamento do carro. "Da primeira vez, o nível de emissão de hidrocarbonetos estava muito alto. Ajustei o motor, consegui enquadrar o nível de emissão, mas a mudança desregulou a emissão de monóxido de carbono, que estava certa na primeira inspeção", disse.
Siracuza afirma que, apesar da idade do Fusca, o motor é novo e está em condições perfeitas. O carro passou antes por revisão para livrá-lo dos principais problemas que reprovam na vistoria, como vazamentos e funcionamento irregular do escapamento, mas ainda não foi possível adequar o veículo às exigências determinadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para circular na capital paulista. O mecânico trocou carburador, válvulas, mexeu no motor e conferiu o resultado com um aparelho semelhante ao da empresa responsável pela inspeção, a Controlar.
Após a inspeção da prefeitura, recomendaram que Siracuza rodasse mais com o carro, para "amaciar" o motor, disse ele. "Mas como vou andar por aí sem a certificação da inspeção?", afirmou o proprietário do Fusca.
O calvário de resolver um problema para encontrar outro não é exclusividade de Siracuza. Na verdade, é algo comum entre os donos de veículos antigos com placas da capital paulista, que neste ano também estão obrigados a passar pela inspeção ambiental (no ano passado, só os fabricados a partir de 2003 faziam o processo). Alguns cogitam até transformar seus carros em item de colecionador, aquele com placa preta, para escapar da inspeção, já que o carro considerado antigo está isento da vistoria.
A legislação considera antigos aqueles que foram fabricados há mais de 30 anos, ainda possuem 80% de suas características originais e integram uma coleção (particular, privada ou parte de um clube). Além disso, é preciso ser afiliado a um clube de antigomobilismo associado à Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) ou homologado no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Cerca de 100 grupos antigomobilistas têm vínculo com a FBVA, 17 deles em São Paulo, segundo a entidade.
A associação é quem define o preço para retirar a placa preta, segundo a FBVA. Na Sociedade Paulista de Automóveis Antigos (SPAA), não são cobrados a vistoria e certificados, segundo o presidente da entidade, Og Pozzoli.
Desinformação
Também acumula reprovações o ônibus ano 1986 que o presidente da Associação Clube do Carro Antigo do Brasil (Accab), Ricardo Luna, usa para promover a ONG na capital paulista. Três reprovações depois, Luna diz que até agora não sabe o motivo. "O motor é novo, todos os ajustes já foram feitos, troquei inclusive o cabeçote para reduzir a emissão de poluentes e melhorar o desempenho do ônibus", disse ele. "Mas mesmo quando questiono, não me informam por que ele é sempre reprovado".
Pela lei, o proprietário deve receber ao fim da inspeção um relatório "que indique o(s) motivo(s) de rejeição ou reprovação", como consta na Portaria 147/2009 da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. A Controlar afirma que informa os problemas do carro negado, com exceção dos motivos que causam a emissão inadequada de poluentes, já que os técnicos não fazem uma análise mecânica do carro, e sim uma medição computadorizada. Para isso, é preciso revisar o carro numa mecânica que tenha aparelho de conferência de emissão de gases.
O veículo passa por duas fases na inspeção: uma vistoria visual e um teste computadorizado. Se for rejeitado na primeira fase, não passa para a medição. Na conferência de emissão de poluentes, um aparelho mede o volume de CO (monóxido de carbono), CO2 (dióxido de carbono) e HC (hidrocarbonetos) emitidos pelo veículo e o nível de ruído do motor, e habilita ou não o carro para circular em São Paulo, com base em uma tabela de limites de emissão determinada pela Resolução nº 418 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de novembro de 2009.
Para o gerente comercial da Mecânica do Gatto, César Garcia Samos, essa tabela é coerente. "Ela leva em conta a quantidade de poluentes que o carro soltava na época em que ele 'nasceu'. É impossível que um veículo de 1980 alcance o nível de emissão de um carro de 2000", afirmou. O limite de emissão de partículas poluentes diminui ao longo dos anos: para carros fabricados até 1979, o patamar máximo é de 6% de CO, em marcha lenta e a 2500 rpm. Para os modelos de 2006 em diante, o limite é de 0,3%, segundo o Conama.
Siracuza, dono do Fusca 1965 também acha justo o limite imposto pela tabela, mesmo com a dificuldade que tem para ser aprovado na inspeção. "Se eu não conseguir passar dessa vez, vou ter que entrar num acordo é com o mecânico que montou meu motor, porque alguma coisa nele deve estar errada", disse.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, as emissões inadequadas de CO e HC lideram as reprovações, com 75% de todos os veículos reprovados. Depois, aparecem as reprovações decorrentes de vazamentos e sistemas de escapamento danificados, com 20%, e problemas com catalisador (5%). Só neste ano, 147.578 dos 653 mil inspecionados não passaram no teste.
Confira os problemas mais comuns dos carros durante a inspeção visual:
- dados do modelo (cor, categoria, combustível etc) não conferem com os registrados no Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran)
- vazamento de óleo, água ou fluidos
- furos ou corrosão no escapamento
- fumaça visível, em vez de vapor d'água
- mangueira de respiro (sistema PCV) danificada ou ausente
Saiba quais os limites de emissão de CO (%) de acordo com ano do carro:
todos os carros fabricados até 1979 - gasolina ou álcool: 6%
1980 a 1988 - gasolina ou álcool: 5%
1989 - gasolina ou álcool: 5%
1990 e 1991 - gasolina ou álcool: 3,5%
1992 a 1996 - gasolina ou álcool: 3%
1997 a 2002 - gasolina ou álcool: 1%
2003 a 2005 - gasolina ou álcool: 0,5%
2006 em diante - gasolina: 0,3% / álcool: 0,5%
Limites de emissão de HC (em ppm de hexano):
todos os carros fabricados até 1979 - gasolina: 700 / álcool: 1100
1980 a 1988 - gasolina: 700 / álcool: 1100
1989 - gasolina: 700 / álcool: 1100
1990 e 1991 - gasolina: 700 / álcool: 1100
1992 a 1996 - gasolina: 700 / álcool: 700
1997 a 2002 - gasolina: 700 / álcool: 700
2003 a 2005 - gasolina: 200 / álcool: 250
2006 em diante - gasolina: 100 / álcool: 250